Onde realmente começou o colapso da saúde no Amazonas os reais culpados pela crise na saúde sequer estão sendo lembrados
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As mazelas na saúde do Amazonas começaram a piorar no Governo Omar Aziz (Foto: Reprodução)As mazelas na saúde do Amazonas começaram a piorar no Governo Omar Aziz (Foto: Reprodução)
Em meio à histeria coletiva sobre as consequências da pandemia do novo coronavírus no sistema de saúde do Amazonas, patrocinado por aliados do governo nas redes sociais, um detalhe está sendo esquecido, onde tudo começou.
É salutar e necessário que exista cobrança popular sobre o poder público, mas quando essas pessoas que cobram são usadas para servir como massa de manobra para a demagogia de uma minoria que deseja aferir lucros políticos, é lamentável e extremamente perigoso.
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Maus Caminhos
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Operação Maus Caminhos desarticulou uma quadrilha que desviava recursos públicos por meio de contratos milionários firmados com o governo do Estado do Amazonas foi desarticulado por meio da operação Maus Caminhos, em 2016. A partir da primeira fase, cujo alvo principal girava em torno do uso do Instituto Novos Caminhos (INC) para realização dos desvios.
Neste grupo criminosos constava empresários familiares de políticos e os próprios políticos, e até primeiras-damas chegaram a ser presas por envolvimento em desvios de verbas da saúde.
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Conforme o MPF, a investigação começou em meados de 2015 quando o órgão processou o ex-secretário de Estado da Saúde Wilson Duarte Alecrim e a direção do Hospital Santa Júlia Ltda. por irregularidades em contratos na saúde pública estadual para prestação de serviço de cirurgias cardíacas em crianças e pede à Controladoria-Geral da União (CGU) apurações mais amplas sobre a aplicação de recursos federais pela Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (Susam).
Em dezembro deste mesmo ano o MPF requisita instauração de inquérito policial para apurar suspeitas de desvios de recursos da saúde por organização criminosa.
Quase um ano depois, em setembro de 2016, a Operação teve sua primeira fase e cumpriu 13 mandados de prisão preventiva, 4 mandados de prisão temporária, 3 conduções coercitivas, 41 mandados de busca e apreensão, 24 mandados de bloqueios de contas de pessoas físicas e jurídicas, 31 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis, nos estados do Amazonas, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.
Mouhamad Moustafa foi preso pela primeira vez e teve seu aparelho de telefone celular apreendido e periciado pela Polícia Federal (PF), o que possibilitou o avanço das investigações que culminaram com identificação de um núcleo político em torno do grupo criminoso e a consequente deflagração das fases seguintes da operação.
Em novembro daquele ano foi apresentada a primeira ação penal à Justiça Federal contra 16 envolvidos no esquema de desvios de recursos da saúde, na qual acusa os réus pelo crime de organização criminosa, entre outros.
Em maio de 2017 são apontados e viram réus a cúpula do esquema de corrupção; Mouhamad Moustafa, Priscila Marcolino Coutinho, Jennifer Naiyara Yochabel Rufino Correa da Silva e Alessandro Viriato Pacheco. Em outubro do mesmo ano, o MPF denuncia o ex-secretário de Fazenda do Amazonas Afonso Lobo de Moraes por falso testemunho. Ele foi acusado de fazer falsas afirmações em duas ocasiões, na condição de testemunha de defesa de um dos réus no principal processo decorrente da Operação Maus Caminhos, com o objetivo de obter prova destinada a produzir efeito naquela ação penal.
Em dezembro de 2017 ocorreu a segunda fase da Operação onde os alvos eram dois ex-secretários de saúde, o ex-secretário de Administração e Gestão, o ex-chefe da Casa Civil, bem como dois ex-secretários executivos da Secretaria de Estado de Saúde (Susam). E não parou por aí, no mesmo mês houve a terceira fase da Operação que culminou na prisão do ex-governador José Melo, e posteriormente de sua esposa, Edilene Gonçalves Gomes de Oliveira. Ela foi presa ao tentar atrapalhar o cumprimento de mandados de busca e apreensão de documentos em uma empresa de guarda de documentos, em Manaus.
Em 2018 a investigação chegou a sua quarta fase, e nela os alvos principais foram o empresário Murad Aziz, irmão do senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz, advogados que atuavam como consultores jurídicos do grupo criminoso e empresários responsáveis por oito empresas também envolvidas diretamente nos desvios e fraudes identificados.
Na última fase da Operação Maus Caminhos em julho do ano passado foram presos o grande lobista do Estado José Lopes e outras duas pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato.
Influências políticas
É obvio que as ações do Ministério Público Federal tiveram influências políticas poderosas e lacunas não foram preenchidas, como no caso dos bens da ex-primeira-dama Nejmi Aziz, presa na operação, que chegaram a ser bloqueados, mas não foram leiloados para ressarcir o rombo da corrupção.
Posando de bom moço
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Depois de todo esta balburdia com o dinheiro público a ação do senador Omar Aziz (PSD), que chegou a ser interrogado na sede da PF sobre esses fatos, neste momento de pandemia é investir na demagogia mais pura e sólida e na falta de memória da grande massa.
E ainda teve o atrevimento de declarar que: É o momento de termos atenção total de toda a população, e nós, agentes públicos, devemos fazer de tudo para minimizarmos os efeitos deste vírus em nosso país. Ou seja, depois de pilhar o erário com seus comparsas, mostra sua bela face de Angelim-pedra, envernizada e polida para tentar dissimular seus malfeitos contra o próprio povo que afirma defender.